VOCIFERAR OS INSTINTOS DESENCADEIA PAIXÃO OU DORES INFINDÁVEIS. O IDEALISMO FAMILIAR E AMOROSO FORJAM E ENCORAJAM OS INFORTÚNIOS E A NÓS MESMOS…

A voz do instinto é de certa forma abrupta e animal – neutralizá-la talvez seja a estratégia mais auspiciosa para que se tenha uma vida, minimamente, saudável. Por vezes inúmeras, passamos a dar voz aos nossos presságios, muitas vezes forjados pelos arroubos concebidos no ímpeto ou pela própria paixão!

Exatamente assim, refiro-me ao encantamento da entrega, da sublime vontade humana. O afã está intimamente ligado aos instintos mais selvagens e arredios, muitas vezes é necessário domá-los. É próprio dos seres humanos sentirem uma explosão de desejos, muitas vezes, sem precedentes quando, sem que tenhamos tempo de nos condicionar, ocorrem turbilhões de emoções, o que faz com que o nosso entendimento seja diagnosticado com minúcia. Realmente o instinto é capaz de forjar características idiossincrásicas nos indivíduos, inclusive, difíceis de ignorar.

A esperança é indomável. Mesmo os momentos eivados de cinismo, vazios, ódio e angústia extremados não devem permanecer diante da promessa do enfrentamento cauteloso e maduro e do próprio amor.

Todo homem busca, incessantemente, novos ares para preencher os seus pulmões, ainda que precise passar por provações da veracidade do seu amor! Uma nova vida que valha à pena ser vivida é próprio dos amantes mais exigentes.

Aliás, quando distantes do objeto do desejo, daquele amor feroz e lascivo que rasga o mediastino e sufoca com a simples falta, vê-se que a única solução capaz de aplacar o sofrimento está no encontro. Viver sem o sonhado sorriso é perturbador – traz angústia emocional. Os lábios carnudos da mulher amada são porta de entrada da sublimação.

Se atentarmos aos instintos mais primitivos, ficamos trancados na ilusão de que somos capazes de dar solução aos nossos problemas sentimentais de acordo com os nossos mais ancestrais e remotos condicionamentos, até mesmo guerreando, o que na verdade não é possível. A própria evolução traz vida é poesia aos seres humanos.

Assim evidencia-se a perspicácia humana, quando confrontada com a realidade instintiva. A arte de reagir à paixão é iminente dos que mantém a coragem em primeiro plano. O que seria da própria humanidade se não houvessem homens dispostos a se sacrificarem em nome da ordem e dos bons costumes, da família e do próprio amor? Aqui não me refiro ao tirano que, de certa forma, habita em nós, não, refiro-me ao comportamento corajoso e apaixonado, próprio dos que mantém este domínio sob controle. A própria inteligência aliada à coragem forjam os que estão sempre dispostos e prontos para reagir em prol do núcleo familiar.

Após saborear o mel induzido por demonstrações inconfundíveis de luxúria, volúpia e libidinagem, torna-se visível que ao homem que denota qualidades consideradas próprias da virilidade, nada é capaz de subjugar mais insistentemente o ímpeto que a falta da mulher amada e da própria família. E a gana enraizada no instinto e na testosterona – resplandecem o desejo, forjando o masculino na tão conturbada busca familiar.

Impulsos libidinosos atordoam mas trazem vida! Albert Camus profetizou: “A verdade é que não ser amado é falta de sorte, não amar é a própria infelicidade… Frejat num momento de introspecção fulgurante enfatizou: “Todo dia a insônia me convence que o céu faz tudo ficar infinito”. Traduzindo em família, esta deve ser a busca de todo homem probo.

Sigmund Freud afirmava que: “O instinto de amar um objeto demanda a destreza em obtê-lo, e se uma pessoa pensar que não consegue controlar o objeto e se sentir ameaçado por ele, ela age contra ele. Inclusive, afirmando que a inteligência é o único meio que possuímos para dominar os nossos instintos”. E nessa mesma linha, vemos que a mente criativa, nada mais é que porções instintivas de desejo, fomentando o homem a ir ao encontro do amor e da compleição familiar.

Um amor interrompido é como pétalas caídas, dispersas ao vento primaveril, quando a rosa perde a agressividade dos acúleos, tornando as suas pétalas desfalecidas. Como a angústia amontoa-se em rastros de solidão na provável e eterna hibernação afável. Afinal, até que se cure, o coração atravessará longo caminho de desilusão e dor.

Entretanto, a mulher amada – a força majestosa da família, sempre ressurgirá em sonhos, pois o amor e a proximidade do verão faz com que o sol volte a aquecer os gélidos corações. Trazendo de volta o desejo insaciável, tanto carnal quanto na manutenção da família, até então adormecido.

Por vezes criamos monstros dentro de nós, mas não podemos deixar que nos devorem. A persistência é própria do ser humano e retratar a paixão instintiva, ou até mesmo o amor, nos põe diante da terapia mais romântica, impulsiva e complexa da nossa existência. Provavelmente, este seja um trabalho de genialidade única, mas que não podemos desistir fazendo referência a um plantar diário.

Blaise Pascal sabiamente descortinou que: “Os homens têm um instinto secreto, que os leva a procurar divertimentos e ocupações exteriores, nascido do ressentimento de suas contínuas misérias; e têm outro instinto secreto, resto da grandeza de nossa primeira natureza, que os faz conhecer que a felicidade só está, de fato, no repouso (na base familiar), e não no tumulto; e desses dois instintos contrários, forma-se neles um projeto confuso, que os leva a procurar o repouso pela agitação”… Portanto, não pensar na comunhão familiar como algo sagrado seja o nosso maior infortúnio, pois num piscar de olhos perde-se toda uma vida – inescapavelmente.

Por André Curvello – Advogado e Colaborador do Liberdade de Imprensa.

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