O político Zé Dirceu acusou que as Forças Armadas orquestraram a invasão aos prédios dos Três Poderes, em Brasília, como um suposto “ensaio” para um “golpe”. A declaração foi dada em entrevista ao canal ‘Opera Mundi’.
“É evidente que há setores ou mesmo comando das Forças Armadas por detrás disso. É muito mais grave do que parece. Não é uma arruaça, não são vândalos. É uma tentativa de golpe de estado que pode ter sido um ensaio geral para ver qual é a nossa capacidade de resistência”, disse.
De acordo com Dirceu, é preciso aparelhar e retirar poderes e privilégios dos militares para ter maior controle sobre as Forças Armadas e aniquilar qualquer possibilidade de insurreição contra o governo.
“Serviço militar obrigatório ou Exército profissional? O Exército vai se concentrar nas suas funções específicas militares ou vai assumir uma série de tarefas civis? As Forças Armadas não deveriam ter poder de polícia sobre os rios, mares e fronteiras […] O que nós queremos? É preciso debater publicamente o papel das Forças Armadas. Eles têm hospitais próprios, educação própria, justiça própria, um sistema previdenciário único […] Seus salários foram dobrados e ainda tem uma série de privilégios que o Bolsonaro foi acrescentando”, afirmou.
Segundo Dirceu, os militares devem “voltar para os quartéis” e deixar as estruturas do governo. “Já dei minha opinião sobre GSI, nem vou falar sobre Abin, sobre o comando do GSI… porque é evidente que não pode e tem mais um problema, nós temos três serviços de inteligência no país, que são Marinha, Aeronáutica e Exército, que são os únicos que existem de fato no país”, disse.
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Senador baiano aponta que politização dos militares é uma ‘herança maldita’ da era Bolsonaro
O ex-ministro da Defesa na gestão Dilma Rousseff (PT) e senador Jaques Wagner (PT) apontou que ‘um dos maiores estragos’ da gestão de Bolsonaro foi a politização das forças de segurança. Segundo o líder do governo Lula no Senado, essa ‘herança maldita’ levará um tempo para ser corrigida no país.
“Foi um dos maiores estragos, que foi contaminar a sociedade brasileira com o vírus da intolerância do ódio, do desrespeito, da falta de educação”, declarou o senador, nesta sexta-feira (13), em entrevista à Rádio Metrópole.
Ao ser questionado sobre a “infiltração” bolsonaristas nas polícias e Forças Armadas, Jaques Wagner foi direto e disse que não é papel deles “se imiscuir em questões internas da política”. “Ele introduziu um vírus do ódio e da intolerância, que eu acho muito perigoso, porque as pessoas começam não mais a divergir, [mas] odiar quem pensa diferente, a agredir, achar que tem o direito de agredir, de xingar disso, daquilo. E no caso do Exército, e eventualmente das polícias militares também, é preciso agora […] recolocar esse povo dentro da Constituição”.
Após as manifestações do último domingo (8), o senador pontuou que agora será preciso realizar um processo de “reeducação”. “Amigo, você bate continência para o presidente da República porque está escrito na Constituição Federal do Brasil que o presidente da República é o chefe supremo das Forças. É uma decorrência da Constituição”, salientou.
“Eu sei que é delicado o momento, você conhece meu estilo… Eu não sou de ficar atiçando ninguém, nem provocando. Não gosto disso, mas nós temos que ter a firmeza, junto da serenidade. A Constituição é clara, no mundo democrático funciona assim, e eu acho que todos nós, goste ou não goste de Lula, goste ou não goste de outro, goste de quem quiser, mas, acima de tudo, respeite a lei e a Constituição brasileira”, pontuou o parlamentar.