A escolha de uma comissão encabeçada pela secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Fabya Reis, sem inserção na politica de Salvador, com a participação de assessores de deputados, para tocar as discussões sobre a sucessão na capital baiana causou enorme frustração nos partidos da federação – PT, PCdoB e PV -, nos quais estão dois dos três candidatos a prefeito do grupo.
Eles contavam com a constituição de um colegiado que centralizasse as discussões e decisões relativas à construção de uma candidatura de unidade em Salvador, mas esperavam que as indicações ocorressem de forma democrática, com o envolvimento de todos os participantes da reunião do último sábado, e não através de um processo impositivo, que deixou, por exemplo, os vereadores das legendas em Salvador de fora.
“Como você pode acreditar numa comissão que não tem um vereador de partido da base como integrante? São os assessores de deputados que conhecem a realidade da capital baiana, é Fabya Reis que sabe onde fica o bairro de Castelo Branco?”, questionou um participante da reunião, revelando-se indignado com a composição do colegiado e o rumo “errático”, segundo ele, que o processo tem tomado.
Um deputado que participou do evento que teve como cicerone o governador Jerônimo Rodrigues (PT) contou a este Política Livre que a escolha de Fabya para coordenar a comissão suscitou a especulação de que o gestor estaria interessado em favorecer a candidatura de Geraldo Jr. (MDB), vice-governador do Estado, à Prefeitura, dado o interesse já manifestado pelo ex-deputado federal Geddel Vieira Lima, do MDB, em tê-la como vice na chapa do emedebista.
Ele relatou que os deputados Robinson Almeida e Olívia Santana, candidatos, respectivamente, do PT e do PCdoB, não disfarçaram o incômodo com a escolha dos membros do comissão, o que acabou repercutindo nos discursos que ambos fizeram, cujo teor foi avaliado pelos presentes como ‘ressentido’. A sensação de mal estar teria piorado com a repetição da fala pelo governador de que não abre mão da unidade no grupo.
“Sinceramente, em alguns momentos fiquei com a impressão de que há a pressão para que unidade saia de qualquer jeito e em torno de um nome que já foi escolhido pela cúpula”, afirmou um vereador, referindo-se a Geraldo Jr., e completando que, ao final do encontro, muitos saíram com a sensação de que, no fundo, o governo e a cúpula do PT estão pouco se importando com a sucessão na capital baiana.
“No final, tiram-se fotos e pousa-se de estadista, mas nada se resolve”, complementou.