A silhueta feminina é das mais esfuziantes perfeiçoes criadas no universo. A mulher é uma escultura mágica que transcende o imaginário masculino. Nada, absolutamente nada possui maior perfeição que os contornos da mulher. A magia feminina traz em seu íntimo contornos de luz e beleza jamais suscitados, a silhueta desenhada em lascívia e vergastada por beijos suavemente indecorosos, notadamente esconde o corpo rabiscado pela luminosidade. Muitas vezes o simples contorno já traz poesia aos encantos mais introspectivos. O homem se perde completamente diante dos detalhes e feições da eternidade feminina.
Há um paradoxo gigantesco, que ao tempo em que os contornos da mulher tornam-se apaixonantes, também perdem muito do seu valor quando expostos vulgarmente. A cátedra obsequiada pela sedução infere que, provavelmente, as mulheres não têm a exata noção do quanto atordoam o imaginário masculino mantendo os seus corpos imaculados através dos segredos das suas vestes e dos seus detalhes corpóreos pouco revelados. Quanto menos a mulher se mostrar, maiores e famintos serão os olhares desejosos sobre ela. Permitir que o imaginário majestoso e, obviamente, pecaminoso seja submergido aos arroubos da paixão é a busca mais salutar de um homem. A mulher que se resguarda, se põe naturalmente em uma redoma.
É sabido que a rotina prende e a imaginação liberta. O semblante da mulher, deve estar associado a uma orquestra sinfônica, ao som do majestoso Bolero de Ravel, uma obra musical de um único movimento, escrita para orquestra por Maurice Ravel. Originalmente composta para um Ballet, a obra, que teve sua première em 1928, em Paris, na Ópera Garnier. A coreografia de Bronislava Nijinska causou escândalo pela sensualidade onde o maestro regia cada nota musical numa sinfonia de reações químicas inimagináveis, açoitadas pela descarga insana de testosterona. Exatamente assim há paradigmas de desejos profundos e infindos guardados no âmago dos apaixonados.
Rotineiramente, revelados diante do amor, o semblante da mulher mantém-se cravado no imaginário tortuoso do homem, latejando o seu utópico, quimérico e fictício mundo, elencando sensações improvisadas de desejo e domínio. Sinceramente? Toda mulher traz no seu semblante uma complexa e irretocável história de amor…
Por André Curvello, Advogado e Colaborador do Liberdade de Imprensa.