Rui Costa x Geraldo Jr.: eleições de Salvador é palco para briga

Quando sugere o nome de mulheres como opções à Prefeitura de Salvador em 2024 no campo do governo, apresentando-se como a figura com a qual elas podem contar, o vice-governador Geraldo Jr. (MDB), além de demonstrar inconsistência política, mira apenas um personagem: o ministro chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT).

É o que dizem petistas ouvidos por este Política Livre sobre a nova aposta do vice-governador para a disputa em Salvador.

Desde que percebeu que fora escanteado, primeiro, na escalação do governo, e depois, das discussões no grupo sobre a sucessão municipal do próximo ano, das quais tinha a esperança pueril de sair como candidato a prefeito, o vice passou a atribuir ao ex-governador a responsabilidade por sua exclusão no consórcio liderado pelo PT baiano.

Por este motivo, começou a tentar bombardear, nas oportunidades que aparecem, o presidente da Conder, José Trindade (PSB), apontado como preferido de Rui para disputar a sucessão do prefeito Bruno Reis (União Brasil), sugerindo, sempre que pode, nomes para tentar dificultar a unidade do grupo em torno dele.

No início do ano, apostando numa alegada cizânia entre o ministro mais poderoso do presidente Lula e o senador Jaques Wagner (PT), o vice-governador montou uma estratégia para tentar se aproximar do segundo, imaginando que seria fácil obter seu apoio à Prefeitura contra o candidato de Rui.

Boquirroto, ele chegou a espalhar que o senador e a família haviam virado frequentadores de sua casa de praia, em Guarajuba, o que, por ser uma mentira, acabou abalando a confiança do petista, conhecido também pela discrição, nele. Sentindo que perdera espaço também com Wagner, Geraldo Jr. ainda tentou uma manobra radical.

Passou a defender que a melhor candidatura à Prefeitura seria a da mulher do senador, Fátima Mendonça, o que desta vez não só chateou o petista como a ex-primeira-dama. Os dois não gostaram de ver o nome dela circulando de uma hora para outra nos meios políticos apenas para fustigar Rui.

Antes, Geraldo Jr. já criticara diretamente o ministro, ao praticamente responsabilizá-lo pelas derrotas anteriores do PT em Salvador. “Eu acho que Rui não vai mais cometer equívocos na política de Salvador”, disse numa entrevista ao apresentador Mário Kertész, da rádio Metrópole, referindo-se ao envolvimento do ex-governador no pleito em que Bruno Reis foi eleito.

Como a operação Fátima Mendonça não deu certo, o vice decidiu pongar então na candidatura da deputada estadual Olívia Santana, do PCdoB. Aproveitando-se de evento recente do partido comunista em que o nome de Olívia foi lembrado, ele não perdeu tempo.

Foi esta semana às redes sociais dizer que a deputada tinha seu apoio e que, a partir daquele momento, passaria a se chamar Olívia Santana de Geraldo Jr. No PCdoB, a ideia de acrescentar seu nome ao de Olívia foi considerada “despropositada”, além de completamente “cafona”.

Mas a deputada levou o comentário na esportiva, dizendo que todo apoio era bem vindo. A sucessão de ‘traquinagens políticas’ de Geraldo Jr., cujos correligionários dizem que age movido por vingança contra o isolamento político que atribui a Rui, podem custar ainda mais caro ao vice-governador.

Eles argumentam, por exemplo, que, se já tivesse aprendido a se comportar como o cargo de vice exige e evitasse criar atritos desnecessários, ele poderia contar em negociar um espaço no governo no ano que vem, quando a campanha à Prefeitura começar.

É que, no segundo semestre de 2024, deve começar o período de discussão de apoios dos partidos aliados à candidatura que for definida e ele próprio, se tiver capacidade de negociar seu respaldo ao futuro candidato, poderia vir a ocupar uma posição na administração estadual.

“Do jeito que vai, no entanto, Geraldo Jr. só amplia as restrições ao seu nome. Chegou no grupo como um traidor dos antigos aliados e, ao invés de conquistar a confiança de todos, ampliou as resistências a ele com um comportamento inadequado”, diz um petista.

Para outra fonte, “é capaz de o vice-governador passar os quatro anos do mandato do governador Jerônimo Rodrigues sem nada além dos 33 policiais que empregou em seu gabinete, ninguém sabe mesmo porque motivo”.

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