Pra entender a Bahia, você tem que estar aqui… Sentir o perfume do mar, enaltecer, dignificar e exaltar o sotaque, sentir o delicioso cheiro do acarajé, da pimenta e do dendê! O Baiano é feito de SOL, e não vive sem o ar salitroso! Pra entender isso aqui, você tem que mergulhar no mar pra se purificar, e acredite, nas ruas da soterópolis, no belíssimo Centro Histórico, se entranhar. O baiano tem orgulho das suas majestosas e seculares Igrejas, das raízes arraigadas nas idiossincrasias e faz questão de externar aos quatro cantos do mundo a sua alegria de viver. A Bahia se traduz com a nítida comunhão entre o religioso e o profano, no suingue da capoeira, no requebrado sensual de mulheres encantadoras, na musicalidade, nas trilhas e cachoeiras da inenarrável Chapada Diamantina, no delicioso chocolate artesanal de Ilhéus – a capital do cacau.
A Bahia se traduz no maior Carnaval do mundo e, neste momento festivo, delicia-se ao som das lendas Bel Marques, Ivete Sangalo e Durval Lelys…
Para entender a Bahia torna-se imprescindível parafrasear o poeta Jorge Amado quando proclamava: “A poesia não está nos versos, por vezes ela está no coração. E é tamanha. A ponto de não caber nas palavras”. Dizia ainda: Não possuímos direito maior e mais inalienável do que o direito ao sonho. O único que nenhum ditador pode reduzir ou exterminar. Jorge Amado externava que: Milagre de amor não tem explicação, não necessita. Mas tenha certeza que o baiano tem sangue quente, e no ritmo do tambor e do berimbau o coração bate mais forte… E não duvide que baiano que é baiano, por dentro, é fogueira acesa e lascivo por natureza.
Para entender a Bahia temos também que retroagir de forma resplandecente através da Poesia de Castro Alves – a maior figura do Romantismo, sensível aos problemas sociais de seu tempo, tendo defendido as grandes causas da liberdade e da justiça, denunciando a crueldade da escravidão e clamando pela liberdade de forma tão revolucionária que o aproximava do Realismo. Efetivamente, a Bahia é puro encanto e axé, tendo as ruelas e casarões coloniais do Pelô transformado e arraigado de forma recalcitrante a nossa identidade.
Para entender a Bahia entregue-se de corpo e alma como o cantor, compositor e poeta Dorival Caymmi que compunha inspirado pelos hábitos, costumes e tradições de forma esplendorosa: “Eu guardo em mim, dois corações, um que é do mar, um das paixões, um canto doce, um cheiro de temporal, eu guardo em mim um Deus, um louco, um santo, um bem, um mal”. Pois é, pra entender a Bahia e nós baianos, você tem que se lambuzar com a cultura popular, saborear a música, a inesgotável cultura e as nossas tradições! Pra entender as nossas raizes só estando aqui! Arrisque, venha pra Bahia, você vai se surpreender e acredite – se apaixonar…
Por André Curvello – Advogado e colaborador do Liberdade de Imprensa.