O romantismo é uma escola literária que surgiu na Europa no final do século 18 e início do século 19, na Alemanha, França e Inglaterra, num momento histórico em que as classes sociais, como as conhecemos hoje, se definiam, e que valorizou a subjetividade, o sentimentalismo, o nacionalismo, o escapismo, a liberdade de criação e expressão envoltos em crítica social, ainda no medievalismo, egocentrismo e o tão marcante pessimismo. O marco inicial do movimento ocorreu em 1774, com a publicação do romance “Os Sofrimentos do Jovem Werther”, do Alemão Johann Wolfgang von Goethe.
Fazendo um paralelo e trazendo para os dias de hoje, a percepção nítida é que ainda há tempo para o romantismo! É evidente que sim… Fazendo um paralelo com o século 18, trabalhar e amealhar fortuna só não basta. O sofrimento é apenas resultado do esforço, supere-o e então você vencerá. O nível de triunfo, experimento e empreendedorismo é o que se destacam nas pessoas que escolheram não desistir apesar de todas as dificuldades. Ainda assim, se o trem descarrilar, arrastando as últimas farpas de sentimentos que insiste em manter-nos, que estejamos a postos para perseverar com ímpeto na sobriedade excêntrica, utopista, romântica, sonhosa e visionária.
E tudo que há de mais sublime dentro do universo particular ou quem sabe mediastino – ecoará, inevitavelmente, por este planeta. A referência aqui não é ao nível etílico constatado no sangue após gloriosos brindes e promessas eivadas de vícios, mas ao que se sente e guarda luminosamente no coração, haja vista que o que se realiza aqui, reverbera pelo mundo a fora.
É intrigante perceber que ao dirigirmos no trânsito caótico das metrópoles, chegamos à conclusão impressionante de como existem momentos em que a música auspiciada pela solidão, nos engarrafamentos, faz com que desfrutemos de um turbilhão de sentimentos estranhos… Misto de saudades, conturbações e espasmos imaginários. Passam-se milhões de situações românticas pela cabeça, momentos do passado principalmente.
Aos olhos do Poeta Fernando Pessoa, neste sentido, a mais ponderada afirmação: “Tenho em mim todos os sonhos do mundo”. Afirmando: “Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo? O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão”. Enfim, se analisarmos amiúde estaremos sempre diante da sublimação do amor em nossos devaneios mais sagrados.
Toda realidade vive inescapavelmente um amor incondicional com o romantismo. É próprio dos amantes viverem cotidianamente situações em que a música reporta à total introspecção, são recordações ou momentos de agora, que nos arremessam diretamente a tudo de melhor que vivenciamos e que, por sorte e destino, ainda estamos neste exato instante diante do amor das nossas vidas. Refiro-me também a momentos guardados a sete chaves e que de qualquer emenda, no âmago, irão se eternizar…
Vivências são muito pessoais, todo mundo domicilia-se neste particular, é comum que as pessoas tenham seu baú repleto de recordações e que desta forma não seria diferente afinal, tem-se as idiossincrasias, reminiscências do passado e que acreditem – devemos retê-las a sete chaves. São amores, paixões, desilusões do mundo que vivemos ou que sonhamos, mas que eternamente estarão ali nos fazendo recordar.
Por isso hoje, apreciar com veemência a vontade de algumas pessoas em participar um pouco mais das experiências mais lúdicas seja algo mágico. Todo ser humano tem arraigado traços deste mundo infernal que as vezes toma conta das nossas vidas chegando a sufocar o coração e, ainda que o mesmo seja um campo minado, nele se vê um turbilhão de amores, “liquidificados”….
Por vezes os desabafos nada têm de constrangedor, pois os amores de agora traduzem-se numa infinidade de sentimentos do que vivemos ao longo dos nossos últimos e, inesquecíveis, anos. E pode parecer loucura falar nisto, mas a certeza que se tem é que, tudo isto que sentimos se move na certeza plena que outras pessoas também comungam neste particular! A música ok, impressionantemente, remete a recordações do nosso mundo interior. E revivermos sem hesitação, faz parte de uma realidade iniludível. Bater nesta tecla é uma verdade real. E você o que sente? Ainda há romantismo circulando no seu corpo, no seu coração? Você ainda idealiza o amor romântico? Você concorda com estes pensamentos?
Por André Curvello – Advogado e Colaborador do Liberdade de Imprensa.