O espectro político brasileiro lida com nuances inimagináveis… Os voos solo são rasos e de pouca expressão, ao contrário daqueles que se associam vertiginosamente e criam, através dos partidos, recheados de fundos frutíferos, lucrativos, exaustivamente úteis e proficiente$ – laços inquebrantáveis. O fato é que a realidade política é inquestionavelmente sorrateira e repleta de armadilhas forçosamente inescapáveis. A política renasce e, sequencialmente entre quatro e oito anos, têm-se o sufrágio universal consistente no pleno direito ao voto dos cidadãos adultos, independentemente de alfabetização, classe, renda, etnia ou sexo, salvo exceções. O fato é que, democraticamente ou não, há casos em que o processo eleitoral esta eivado de vícios, subterfúgios e direcionamento escancarado das massas, sendo induzidos por mecanismos televisivos pouco ortodoxos. O que se traduz muitas vezes, ordeiramente e num plano pacato, ao voto inconsciente.
Realmente a velha política se insurge incessante e artesanalmente entre o conflito real e utópico. Está tudo às avessas. Pseudo mártires, uma vez eleitos – penetram na arena de mãos dadas; mas são crucificados sozinhos. Os gananciosos se refastelam acreditando não haver o amanhã. Mas não há como eclipsar ou obscurecer o rastro da pecúnia, haja vista que o cabedal econômico, se retrata visivelmente através de posses materiais, recursos financeiros, bens, riquezas, haveres e todo escopo de provas materiais articuladas nos inquéritos e que jamais, em tempo algum, farão parte da famigerada declaração de bens.
Pode parecer piegas e confrontante alarmar os poucos que têm sabedoria cognitiva e comportamental. A essência política, ornamentada por troca de favores é uma faca de dois gumes. Os abraços deveras oportunista, destilam o veneno que os reféns saboreiam e se lambuzam. O tom ambientado por intrigas e mazelas dos “ex adversos”, são tratados ao “pé do ouvido”, entre um brinde e outro e, sem pestanejar, se refastelam, acreditando piamente não haver o amanhã, mas infelizmente os rastros dialogam sobremaneira. A cafajestagem desconhece limites mas é comumente utilizado como a cereja do bolo ou o ingrediente principal nos banquetes das inverdades. No centro do turbilhão político está o povo, que supõe governar em nome de outrem, ledo engano, pois está-se diante de um balcão de negócios onde um pequeno grupo de privilegiados é que decidem o que acontece na república – empresários, mídia e poucos políticos.
Diante desta liquidificação oportunista, Maquiavel em 1532 referendou que há três espécies de cérebros: “Uns entendem por si próprios; os outros discernem o que os primeiros entendem; e os terceiros não entendem nem por si próprios nem pelos outros; os primeiros são excelentíssimos; os segundos excelentes; e os terceiros totalmente inúteis”. Assim são retratados alguns políticos, uns totalmente imprestáveis, outros destituídos de capacidade cognitiva e por fim aqueles que se contentam entre a verdade que dói, o protagonismo infame e a mentira que conforta.
Por André Curvello – Advogado e Colaborador do Liberdade de Imprensa.