Lula chama Lira e Pacheco para reunião em meio à crise por emendas

O presidente Lula (PT) convidou os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para uma reunião na tarde desta segunda-feira (9) no Palácio do Planalto.

De acordo com relatos de dois aliados do petista, o tema do encontro será o imbróglio das emendas e as decisões do ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal) acerca do bloqueio desses recursos. Um técnico do governo a par das tratativas afirma que Lula deverá reforçar na reunião que não teve envolvimento com as decisões do magistrado.

Os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), do Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e do Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), também participam da conversa, assim como o senador Otto Alencar (PSD-BA).

Os ministros Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil) também acompanham a reunião. A expectativa é que dela saia uma solução para o impasse, ainda que à revelia de Dino.

Nesta segunda, Dino rejeitou um recurso da AGU (Advocacia-Geral da União) que pedia mudanças na decisão do tribunal sobre as emendas parlamentares.

A determinação acirrou ainda mais a insatisfação dos congressistas com o governo federal, que veem uma jogada casada com o ministro do Supremo para recuperar o controle sobre o orçamento.

No Senado, a reunião da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) foi encerrada sem a leitura do projeto de regulamentação da reforma tributária, em um claro sinal de retaliação ao governo.

O sistema estava aberto desde o começo do dia para que os senadores registrassem presença, mas só seis (três da base e três da oposição) haviam feito isso. O vice-presidente da comissão, o oposicionista Marcos Rogério (PL-RO), alegou falta de quórum e nem sequer abriu a reunião.

O relator do projeto de regulamentação, senador Eduardo Braga (MDB-AM), chegou poucos minutos depois e ligou para o presidente do Senado para tentar entender a situação. Braga também alfinetou o governo, dizendo que os senadores da base deveriam ter marcado presença para acompanhar a leitura.

“Eu disse ao Jaques Wagner que a base do governo tem que deixar a presença. […] O presidente Rodrigo Pacheco tomou ciência junto comigo, eu liguei ao presidente Rodrigo e eu estou aguardando as providências”, afirmou.

A decisão de Dino foi tema de reunião entre líderes partidários da Câmara e Lira na tarde desta segunda. O presidente da Casa encerrou a reunião afirmando aos presentes que tinha sido chamado por Lula para o encontro no Planalto.

De acordo com relatos de um participante da reunião, há uma insatisfação generalizada dos partidos com o governo federal acerca desse tema —e isso poderá atrasar a votação de matérias de interesse do Executivo nas Casas.

Ele afirma que o pacote de medidas de contenção de gastos, prioridade do Executivo, por exemplo, não deverá avançar na Câmara enquanto esse imbróglio não for resolvido.

Na semana passada, os deputados aprovaram o requerimento de urgência de dois projetos do pacote, mas por uma margem de votos apertada, acendendo um sinal de alerta entre governistas.

Lira já havia indicado que a pauta do plenário da Casa nesta semana seria voltada à segurança pública. Dessa forma, líderes dizem que as medidas do pacote só deverão ser levadas à votação na próxima semana —o ano legislativo termina, oficialmente, no dia 20.

Ainda de acordo com esse líder que estava no encontro, Lira afirmou que não trabalhará contra o governo e que se o Executivo pedir, ele pautará o pacote. Mas há uma avaliação entre governistas de que as matérias não têm votos suficientes para serem aprovadas.

As emendas são uma forma pela qual deputados e senadores conseguem enviar dinheiro para obras e projetos em suas bases eleitorais e, com isso, ampliar seu capital político. A prioridade do Congresso tem sido atender seus redutos eleitorais, e não as localidades de maior demanda no país.

O STF autorizou na semana passada a retomada do pagamento das emendas parlamentares bloqueadas desde agosto. Os ministros, porém, definiram uma série de novas regras e restrições para a destinação do dinheiro —o que fez manter a tensão entre o Supremo e o Congresso.

O governo Lula atua desde terça-feira (3) para buscar soluções ao impasse entre os Poderes e, assim, evitar retaliações do Congresso à pauta econômica encampada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

A AGU questionava pontos específicos da decisão do STF. Ela pedia modificações, por exemplo, no trecho que previa aprovação de cada ministério antes da execução das “emendas Pix”.

Related posts

Conferência Municipal reúne 17 cidades Litoral Norte e Agreste baiano para discutir propostas ambientais para a região

Projeto de Alex Santana que torna crime a violação de bagagem ou troca de etiquetas para o tráfico de drogas é aprovado na Câmara dos Deputados

PORTO SEGURO: Unidade dedicada ao tratamento contra câncer no Hospital Luís Eduardo Magalhães celebra 1 ano de existência