Haddad promete abrir ‘caixa-preta’ de renúncias fiscais

Brasília (DF) 13/03/2023 Ministro da Economia, Fernando Haddad durante reunião na Frente Nacional de Prefeitos.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prometeu abrir o que ele chama de “caixa-preta” das renúncias tributárias, o volume de recursos que o governo abre mão de arrecadar e que produz um rombo de R$ 600 bilhões no Orçamento.

Segundo ele, o Ministério da Fazenda prepara com a Advocacia Geral da União (AGU) a divulgação da lista de “CNPJ por CNPJ” das empresas que hoje são beneficiadas por renúncias e subsídios, chamados de “gastos tributários”. A declaração foi dada ao Estadão.

Essa é uma medida cobrada há tempos por setores da sociedade civil, mas que nunca saiu do papel sob a alegação de que se trata de sigilo fiscal. Porém, esse não é o entendimento de Haddad, nem do comando atual da Receita Federal.

Para ele, essa caixa-preta é a “maior da história”, muito mais alta do que o orçamento secreto, mecanismo de distribuição de verbas a parlamentares sem critério e transparência em troca de apoio político. “Só estamos pagando R$ 700 bilhões de juros porque estamos pagando R$ 600 bilhões de renúncia. É simples assim”.

A meta de Haddad é cortar um quarto dos privilégios – R$ 150 bilhões –, chamados por ele de “jabutis tributários”. Ele quer acabar com distorções e fechar brechas que levam as empresas a pagar menos impostos – como abater do imposto incentivos do ICMS concedidos por Estados.

Gastos tributários são isenções, anistias, reduções, deduções, abatimentos e suspensão do pagamento de impostos. Eles são menos visíveis dos que as despesas do Orçamento e boa parte está na cobrança do Imposto de Renda. “No Brasil precisa ser rico para não pagar Imposto de Renda. Sendo rico é que você adquire o direito de não pagar Imposto de Renda”, disse o ministro, que garantiu enfrentar a mudança na tributação diferenciada dos fundos exclusivos.

Haddad diz assegurar, porém, que não vai mexer no Simples nem retomar a cobrança de tributos sobre a folha de pagamento das empresas – esses benefícios foram adotados durante o governo do PT.

Ele cobra apoio de economistas que sempre defenderam a redução das renúncias e que têm criticado o arcabouço fiscal. “Cadê a turma do equilíbrio macroeconômico? Não adianta economistas liberais falarem ‘é muito difícil de conseguir’. Lutem pela causa”, conclamou.

Related posts

Marcelle Moraes repudia abandono de cachorro em via pública no bairro do Rio Vermelho: ‘Queremos a placa do criminoso’

Deputado que pediu morte de Lula ataca João Roma

Bacelar cobra ações urgentes contra a seca que atinge municípios baianos: ‘as medidas estão muito tímidas’