O governo federal e a Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), órgão de Estado que tem apoio técnico-administrativo do Ministério dos Direitos Humanos, devem retomar o caso do acidente que matou o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Controvérsias sobre as causas da morte de JK existem desde a ditadura.
Segundo a Folha de São Paulo, a terceira reunião da CEMDP, extinta pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) e recriada por Lula (PT), irá acontecer nesta sexta-feira (14) no Recife. O Opala em que estava JK ficou destruído após colisão frontal com uma carreta na via Dutra em 1976. O veículo era conduzido por seu motorista e amigo Geraldo Ribeiro, que morreu junto com o ex-presidente.
As investigações feitas na época da ditadura e as realizadas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) em 2014 e de uma comissão externa da Câmara dos Deputados em 2001 indicaram que houve um acidente e que o carro, antes da colisão, foi atingido por um ônibus da viação Cometa ao tentar ultrapassá-lo.
Outras versões dizem que foi um atentado político contra JK e que pode ter havido uma sabotagem mecânica do veículo ou mesmo um tiro ou envenenamento do motorista. Essa tese é das Comissões Estaduais da Verdade de São Paulo, formadas por um grupo de trabalho com pesquisadores da USP e Mackenzie, e de Minas Gerais, além da Comissão Municipal da Verdade de São Paulo.
Um inquérito civil conduzido pelo Ministério Público Federal (MPF) por seis anos, de 2013 a 2019 descartou a possibilidade de choque entre o ônibus e o Opala, mas não descartou e nem afirmou a possibilidade de atentado por falta de elementos materiais suficientes. Esse laudo foi o que fez o governo retomar o caso.
Em depoimento em 2013, o motorista do ônibus, que foi absolvido, contou ter recebido, cinco dias depois do acidente, uma oferta em dinheiro para assumir a culpa. Segundo o motorista da carreta, Ribeiro parecia desfalecido antes mesmo da colisão.