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Falta de diálogo e federação prejudicam desempenho do PT em Salvador

por Redação

O fim das eleições municipais escancarou uma perda de força do Partido dos Trabalhadores (PT), principalmente em Salvador. A sigla, que possuía quatro vereadores na Câmara da capital baiana, encerrou o pleito com apenas uma legisladora eleita, a vereadora Marta Rodrigues, irmã do governador Jerônimo.

Os vereadores não eleitos dizem acreditar que a derrocada da sigla deve-se a escolha da cabeça da chapa majoritária, que, segundo os legisladores, não dialogou com o PT. Antes da escolha, nos bastidores, os parlamentares defendiam a necessidade de um nome petista para pleitear a vaga, a exemplo do nome do deputado estadual Robinson Almeida, que foi afiançado pelo vereador Tiago Ferreira.

“Eu acho que fica uma lição para todos aqueles que não ouviram as bases do partido, que a gente dizia a todo momento que era necessário colocar um candidato do PT, do 13, por conta das questões ideológicas de bandeiras, e o que iria definir um projeto do outro seria exatamente o projeto político”, disse Ferreira ao Portal A TARDE.

Nestas eleições, o partido do presidente Lula apoiou o nome do vice-governador Geraldo Jr. (MDB), que ficou em terceiro lugar na disputa pelo Palácio Thomé de Souza, e acumulou apenas 10,33%, o que equivale a 137.298 votos. Para acompanhar o candidato, o PT decidiu lançar a candidatura da então secretária de de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades), Fabya Reis.

“O candidato reeleito, Bruno Reis, defende um projeto do centro-direita, o nosso candidato saiu de uma posição também. Então não havia diferença entre tese, os projetos, pelo menos foi até construído um projeto mais à esquerda do nosso vice-governador, mas a posição identitária com as bases de esquerdas, isso não prevaleceu e prejudicou todos os candidatos de esquerda do nosso partido, com exceção da nossa companheira Marta”, avaliou Tiago Ferreira.

Na mesma linha, o vereador Arnando Lessa analisou a derrota do PT devido à formação da Federação Brasil da Esperança, composta pelo PT, PCdoB e PV, criada durante as eleições nacionais de 2022. Para ele, a legenda paga “um preço alto” pela junção dos partidos.

“O preço alto que o PT pagou e paga pela federação dentro da lógica de manter o PCdoB no apoio a candidatura do governo Lula [em 2022] é uma coisa que tem que ser discutida. O PT teve 65 mil votos e elegeu apenas uma vereadora e os outros partidos somados não tiveram o mesmo voto que nós. Então, tem algo que está errado e precisa ser revisto”, disse o decano da CMS.

Já em relação a federação, o grupo conseguiu eleger quatro vereadores, sendo dois do PCdoB, são eles: Augusto Vasconcelos, com 11.385 votos, e a ex-vereadora Aladilce, com 8.514 votos. O mais votado da federação foi o vereador reeleito, André Fraga, com 14.128 votos.

Lessa ainda afirmou que o desarranjo do PT neste pleito está interligado à falta de comunicação do diretório estadual e disse que há necessidade de rediscutir o modelo de federação dos partidos.

“O grande eleitor de Salvador sempre foi 13. Nós tivemos 20 mil votos de legenda nas eleições passadas em 2020. Então, é uma situação que acontece esses problemas e o partido não se reúne para discutir e não avaliar. Não é o partido municipal não, é o estadual. O que foi hoje problema para o projeto municipal em Salvador e demais municípios será também problema para a Assembleia, para Câmara Federal e para o Senado”, declarou ao Portal.

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