O ex-diretor do Ministério dos Direitos Humanos Leonardo Pinho afirmou que Silvio Almeida, em mais de uma reunião em que o teria assediado moralmente, deu socos na mesa enquanto gritava com ele. O relato foi dado em entrevista à coluna de Guilherme Amado do portal Metrópoles.
Segundo Pinho, uma das ocasiões foi em novembro do ano passado — ele pediria demissão no fim do ano. “Por volta de outubro, ele me chamou ao gabinete dele e me pediu para gravar reuniões com a minha equipe, que tinha se recusado a assinar documentos fora do fluxo do ministério. Também pediu para eu gravar integrantes do Ciamp [Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para a População em Situação de Rua], que haviam criticado o plano do ministério por falta de transparência. Eu falei ‘não’. Foi a mesma cena: ele se levantou da mesa, xingou e deu socos na mesa. Me disse que os meus dias estavam contados”, contou.
Ainda de acordo com Pinho, naquela conversa, ele teria sugerido melhorar a relação com os ministérios, e citou Anielle. Ele disse aquilo porque havia recebido relatos de dificuldade na relação entre os dois ministros. “Imaginei que era assédio moral, por causa da subordinação orçamentária da Igualdade Racial aos Direitos Humanos. A Anielle dependia do Silvio em termos de orçamento para tudo, até para passagens aéreas”, relatou.
Mas, de acordo com ele, o ministro reagiu mal. “Ficou descontrolado, transtornado, quando mencionei a Anielle. Me falou: ‘Você está insinuando o quê? Sou ministro de Estado, você é um merda’. Fiquei sem entender e tive medo de ele me agredir. Ele também disse, em relação ao meu trabalho no ministério: ‘Eu vou acabar com a sua vida, você não vai mais existir’”.
“Saí da reunião, liguei para minha esposa e chorei. Tive problemas de saúde por causa dessa situação, pressão alta, diabetes, ganhei peso. Eu já estava decepcionado com ele, mas ali fiquei com medo. Era uma pessoa de envergadura, que foi sócio de escritórios importantes de advocacia”, disse.
Silvio Almeida foi demitido do comando do ministério na última sexta-feira, dia 6, após acusações de assédio sexual contra mulheres. Uma das vítimas teria sido Anielle Franco. Ele nega as acusações.