Na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) nesta terça-feira, 5, o assunto mais comentado entre os deputados estaduais é a seca severa que atinge a maior parte do interior do estado. Os parlamentares, especialmente os de oposição, apontaram suas preocupações acerca da situação caótica que os setores produtivos estão enfrentando, devido à falta de chuva.
“A agricultura e a pecuária da Bahia estão no risco de serem dizimadas. Não é só do grande [produtor], não. É do grande, do pequeno e do médio. E nós não vemos nenhuma mão do governo ainda para abraçar esse importante setor, que representa 30% do PIB [produto interno bruto] da Bahia”, criticou Sandro Régis (União Brasil).
O deputado estadual Marcinho Oliveira (União Brasil), representante da região do Sisal, também sinalizou sua preocupação com a seca no sertão baiano, mas principalmente com os efeitos dela na vida da população interiorana.
“Por mais que a gente sinta hoje uma tristeza muito grande, vendo animais morrendo com a seca, sem alimentos e sem água; vendo as lavouras totalmente devastadas, secas, sem produção; a gente lamenta mesmo os nossos irmãos sertanejos sofrerem para poder buscar uma lata d’água. E a gente não vê nenhuma ação da Embasa, de concreto, para fazer estudos de viabilidade de novas adutoras que possam atender a esse pessoal”, apontou Marcinho.
O contraponto
Apesar de também indicar que está atento aos problemas vividos ao interior, o deputado estadual Eduardo Salles (PP), integrante da base do governo Jerônimo Rodrigues (PT), disse que não está em buscar de apontar dedos para supostos culpados pela crise no sertão da Bahia, lembrando que os efeitos do fenômeno climático El Niño estão mais fortes em 2023 do que costumavam ser em anos anteriores.
“Agora não é o momento de ficar procurando culpados. Nós temos que ter ações imediatas para minimizar o drama que nós estamos vivendo. Eu confesso que tive a minha vida inteira dedicada ao agro e nunca vi a seca em uma velocidade tão grande. Velocidade para dizimar as pastagens, os rebanhos. O El Niño veio com uma força muito grande neste ano. Em poucos meses, não só nas diversas regiões do semiárido, mas no estado como um todo, vivemos um drama enorme. Nós estivemos semana passada no extremo sul da Bahia e vimos as pastagens esturricadas. É uma coisa generalizada”, explicou Salles.
A posição de Salles foi compartilhada também pelo líder do governo na Alba, o deputado estadual Rosemberg Pinto (PT), que ainda apontou que os efeitos climáticos vividos atualmente no mundo são resultados também de ações irresponsáveis de grandes produtores rurais, que hoje cobram do Estado a solução para o problema.
“A seca hoje já atinge todo o estado da Bahia. Desde o norte ao extremo sul da Bahia. Uma dificuldade muito grande. Isso também é fruto da ação humana. Nós dilapidamos uma grande parte da Mata Atlântica, nós destruímos uma grande parte do Cerrado, nós mexemos nas grandes áreas de preservação. E hoje estamos pagando um preço muito grande por isso. Às vezes, eu lamento a Federação da Agricultura, que faz manifesto todos os dias. É preciso que a federação pense um pouquinho na reparação, porque grande parte das pessoas que criam gado hoje em grandes extensões de terra, essas terras tinham árvores e elas já não tem mais. E depois cobra apenas do Estado”, cutucou o petista.