Setembro termina esta semana, e os aliados do governador Jerônimo Rodrigues (PT) vivem a expectativa da definição sobre quem será o candidato da base aliada à Prefeitura de Salvador. Assim como já defendeu publicamente o senador Jaques Wagner (PT), existe a sinalização do próprio chefe do Executivo de que a escolha deve ser feita até outubro, faltando um ano para a eleição municipal. As indicações até aqui, segundo fontes próximas do Palácio de Ondina, são de que o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) leva pequena vantagem na disputa.
No último sábado (23), Wagner fez um gesto de apoio ao emedebista ao chegar ao lado do vice-governador no Encontro Estadual da Esquerda Popular Socialista do PT, que aconteceu na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (Ufba). O pré-candidato petista ao Palácio Thomé de Souza, deputado estadual Robinson Almeida, também esteve presente. Os três publicaram fotos juntos e defenderam a união da base aliada em torno de uma única candidatura na capital.
Quando o presidente da Conder, José Trindade (PSB), saiu de cena alegando problemas de saúde após passar por um procedimento cardíaco, Geraldo Júnior, até então visto como “azarão” na disputa – sobretudo depois que o aliado e presidente da Câmara Municipal de Salvador, Carlos Muniz (PSDB), declarou apoio à reeleição do prefeito Bruno Reis (União) -, se fortaleceu.
José Trindade era o candidato do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e foi politicamente minado quando Wagner manobrou para que o PT fechasse as portas a uma possível filiação do dirigente e, depois, quando o senador estimulou o lançamento de Robinson Almeida. Agora, vencido o duelo com Rui, há quem garanta que o senador, que sempre demonstrou simpatia pela escolha de um aliado ao PT, tenha uma preferência pelo nome de Geraldo Júnior.
Aliados de Jerônimo avaliam que o vice-governador tem uma atuação política mais forte na cidade do que Robinson Almeida, pouco conhecido em Salvador. Além disso, costumam lembrar que Geraldo Júnior e o MDB fizeram um movimento arriscado em 2022 ao romper com Bruno Reis e com o ex-prefeito ACM Neto (União) para apoiar um então desconhecido Jerônimo, o que deve ser levado em consideração pelo chefe do Executivo estadual.
Outro fator que favorece Geraldo Júnior é o pleito de 2026. Explica-se: existe uma tese entre os aliados do Palácio de Ondina de que se o MDB for contemplado agora, com a escolha do vice-governador, o partido pode ficar fora da briga pela chapa majoritária encabeçada por Jerônimo nas próximas eleições estaduais. Isso agrada, por exemplo, o Avante e o PSD.
Vale lembrar que os outros pretendentes ao cargo de candidato de Jerônimo em Salvador seguem com os nomes postos. O terceiro nome considerado relevante nesse páreo é o de Olívia Santana (PCdoB), que foi a deputada estadual mais bem votada na capital em 2022. Tanto Geraldo Júnior quanto Robinson Almeida sonham em ter a parlamentar, mulher e negra, como vice.
No PSB, há dois pretendentes que não devem criar obstáculos em prol da união da base: a deputada federal Lídice da Mata, que está insatisfeita com a demora na definição do candidato e nunca fez muita questão de ser a escolhida, e o vereador Sílvio Humberto, que não tem chances.
No PSD, o senador Otto Alencar, presidente da sigla na Bahia, já avisou a Jerônimo que a pré-candidatura do deputado federal Antonio Brito pode ser retirada a qualquer momento, se for para apoiar um nome eleitoralmente mais forte.
No Avante, o lançamento da pré-candidatura do deputado federal Pastor Sargento Isidório, que teve o aval de Rui Costa em mais um capítulo do duelo com Jaques Wagner, não é levada a sério por ninguém na base do governador e foi interpretada apenas como uma tentativa de abrir uma nova frente de negociação visando as duas próximas eleições, como revelou o Política Livre.
Os aliados do governador esperam que uma nova reunião do conselho político para tratar das eleições em Salvador aconteça até a primeira semana de outubro visando tentar construir o consenso e a candidatura única. Desta vez, a expectativa é que haja um caminho de definição, uma vez que o saldo do primeiro encontro que tratou do tema, no último dia 2, foi a ampliação, e não diminuição, do número de pré-candidatos da base.