Aras provoca jornalista ‘Global’

O procurador-geral da República, Augusto Aras, alfinetou a colunista da TV Globo, Míriam Leitão e disse: “parece que tem um fetiche comigo”. O baiano foi citado na coluna de Míriam no último domingo (8) acusado de acabar os grupos das procuradorias que atuavam no combate aos atos democráticos através de um ofício assinado pela PGR em novembro do ano passado.

A coluna foi ao ar no domingo (8) após a movimentação dos protestos, em Brasília. Em entrevista ao site BNews, nesta segunda-feira (9) o PGR informou que a medida foi tomada após observar como funcionavam alguns grupos de trabalho dentro do Ministério Público, que se reuniam para segundo o PGR, para realizar o que chamou de “vazamento seletivo” – se referindo à Operação Lava Jato.

“Essa senhora parece que tem um fetiche comigo, talvez porque eu não tenha atendido às matérias seletivas para ela e à família dela. Essa senhora foi cortada da seletividade que tinha na Operação Lava Jato. E, provavelmente, o jornal dela, ganhou mais dinheiro do que com a novela das 8”, disse.

“Essa vingança é algo que eu lamento, mas é a dura realidade. Não tem vazamento seletivo para nenhum meio de imprensa no Brasil. Na nossa gestão, o que existe é o respeito ao devido processo legal”, completou.

A Globo, emissora da colunista, emitiu uma nota de repúdio as declarações do procurador-geral. “É assustador que alguém que ocupa o cargo mais elevado do Ministério Público, guardião maior da lei, ofenda a honra de uma das profissionais mais brilhantes e corretas do jornalismo brasileiro” (Leia na íntegra abaixo). A Associação Nacional de Jornais (ANJ) também emitiu um posicionamento contrário ao posicionamento de Aras em relação à Míriam Leitão.

Leia a íntegra a nota da comunicação da Globo.

As ofensas à jornalista Miriam Leitão e ao Jornal O Globo, proferidas pelo Procurador Geral da República Augusto Aras, nessa segunda-feira em entrevista à BNews, merecem o mais absoluto repúdio. É assustador que alguém que ocupa o cargo mais elevado do Ministério Público, guardião maior da lei, ofenda a honra de uma das profissionais mais brilhantes e corretas do jornalismo brasileiro. E de um jornal com um extenso histórico de serviços prestados à democracia brasileira. Ninguém é imune a críticas – nem jornalistas nem autoridades. Mas ninguém, no Estado Democrático de Direito, pode ofender de maneira tão vil como fez o Procurador-Geral. A ofensa de Aras certamente diz mais sobre ele do que sobre Miriam e O Globo.

Leia a íntegra da nota da ANJ:

“A ANJ repudia os ataques desferidos pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, contra a jornalista Miriam Leitão, em entrevista ao site BNews na segunda-feira.

O caráter ofensivo das manifestações se torna ainda mais grave quando partem de uma autoridade que deveria zelar pela proteção legal à imprensa e, ao mesmo tempo, defender o respeito à atividade de mulheres jornalistas, que têm sido as mais agredidas nos últimos anos no Brasil.

Por fim, a ANJ reafirma sua solidariedade à Miriam Leitão, vencedora do Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa em 2017, exatamente em razão de sua postura permanente em defesa dos valores e princípios que norteiam o melhor jornalismo”.

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