Acredito no destino, ele está aqui agora, e é possível senti-lo. Há momentos eternos em que o coração se exalta com o simples fato de um alguém existir. Já não há como se esconder, declarar-se abertamente ao amor é a estratégia mais assertiva desta realidade! O problema deste mundo de agora é que vivemos em um momento desconectado e distraído, respirando uma completa inversão de valores, repletos de amarras intransponíveis! O valor do ser humano está diretamente associado às fotografias do seu perfil…
Porém, ao contrário do que se imagina, todos desejam ser amados por quem realmente são e não por sua aparência, raça, origem ou renda! Portanto, as distorções observadas são diametralmente opostas à tudo que se prega, se constrói e se busca. As marcas indeléveis desta observação nos confundem da cabeça aos pés, sem que possamos dar vazão ao simples momento de sublimação que é postar uma simples imagem da nossa existência!
Laços emocionais se tornaram despiciendos. Em Relicário, Nando Reis invade os corações, afirmando: “O que está acontecendo? O mundo está ao contrário e ninguém reparou. O que está acontecendo? Eu estava em paz quando você chegou. O que você está fazendo? Um relicário imenso deste amor… O que está acontecendo com as verdadeiras relações amorosas? O amor parece figurar na base da pirâmide emocional quando deveria retornar e figurar, à eternidade, no topo. Afinal, um dos maiores prazeres da vida é ter o amor como porta-voz, mesmo porque nada pode ser mais significativo que o desejo puro de amar! O amor é imortal.
Sintonia é coisa de espírito! Veio do antes e pertence ao sempre. Está arraigado à concretude fulgurosa e intensa que habita em nós. Se assemelha ao crepúsculo vespertino, às trovoadas mais inusitadas e a sensibilidade poética dos apaixonados. Vê-se, casualmente evidenciada nos colóquios mais intrigantes e profundos. É perceber o encaixe perfeito, a cumplicidade categórica, a essência surreal e intimista que emana paz. Nada parece ser mais surreal que esta sincronicidade é capaz de aflorar!
Quando me prendo à sintonia da existência percebo a vida correr velozmente por minhas veias, percebo claramente que sabemos tão pouco da vida, entendemos tão pouco de tantos propósitos, apegamo-nos à coisas pequenas que parecem muito, que na verdade – lá na frente – vemos que não, nada são. E ter aquilo que julgamos, “ser nada”, nos faz muitas vezes – “termos tudo”.
Sei do sorriso que carregamos, como sei das lágrimas que se confundem com disfarces. Acredito de maneira contumaz que o sobrenatural acontece quando tem que acontecer, dentro deste mesmo modelo traduzido em sintonia, reverberando as idiossincrasias muitas vezes camufladas nas desilusões irremediáveis, seja de uma oportunidade cósmica ou, de uma necessidade evolutiva.
A vida nos surpreende em seus encontros, principalmente quando percebemos que o Amor é empatia, magnetismo, concordância, altivez sem arrogância, humildade sem submissão, deslumbramento sem subterfúgios; caixa de pandora que atrai vorazmente os opostos, preenche a nostalgia de um vazio muitas vezes causado pela distância, enfim, os encontros e as avenças fortalecem o nosso universo interior! Por fim, reiterar ferreamente que o amor jamais, em tempo algum, deverá ser sacrificado no altar da ambição.
Por André Curvello – Advogado e colaborador do Liberdade de Imprensa.