Após a aprovação do ministro Flávio Dino (PSB) pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Sérgio Moro (União) foi alertado por um aliado em conversa de WhatsApp a não expor seu voto.
Nas mensagens, flagradas por jornalistas, Moro conversava com um contato salvo como “Mestrão”. O senador é oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ficaria exposto no caso de vazamento de um possível voto favorável a Dino, como alertou o contato.
“Sergio, o coro está comendo aqui nas redes, mas fica frio que jaja (sic) passa, só não pode ter vídeo de você falando que votou a favor, se não isso vai ficar a vida inteira rodando”, diz “Mestrão”. “Estou de plantão aqui, qualquer coisa só acionar”, completa na mensagem, flagrada pelo jornal O Globo no plenário do Senado. Em seguida, Moro responde: “Blz. Vou manter meu voto secreto”.
A interação aconteceu após uma imagem de Moro abraçando Dino durante a sabatina repercutir nas redes sociais. A assessoria de Sérgio Moro informou que a conversa aconteceu porque “distorceram o posicionamento do parlamentar”. “A pessoa em questão, sem ter informação do voto do senador Sérgio Moro, fez a sugestão somente porque distorceram o posicionamento do parlamentar nas redes após cumprimento ao ministro Dino”, diz o posicionamento.
Enquanto aguardava a votação no plenário, o senador também trocou mensagens com seu suplente, o advogado Luis Felipe Cunha. “Deltan desesperado. Me ligou, mandou mensagem e etc”, escreve Cunha, em referência ao ex-procurador e ex-deputado cassado Deltan Dalagnol, que coordenou a operação Lava-Jato. Moro responde que também foi procurado. “Mandou msg [mensagem] aqui”. Em seguida, pede conselhos: “Falo algo aqui? “O que acha?”.
O nome de Dino foi aprovado na CCJ pelo placar de 17 a 10. Segundo governistas, a quantidade de votos favoráveis foi superior ao que eles esperavam. O indicado de Lula para o STF também teve o aval do plenário do Senado, por 47 votos a 31.